Visitas técnicas promovem encontro com a Fábrica de Gaiteiros

Resgate cultural de um símbolo da música e da cultura gaúcha. Esse é o objetivo da Fábrica de Gaiteiros, projeto voltado a crianças e jovens de 7 a 15 anos promovido em Bagé pelo Instituto Renato Borghetti de Cultura e Música em parceria com a prefeitura municipal. Os pequenos músicos do projeto e o professor e gaiteiro profissional Augusto Maradona receberam na manhã desta quinta-feira, 6, a delegação da Universidade Federal de Ciências da Saúde (UFCSPA) que participa do 33º Seurs para uma aula no auditório do Palacete Pedro Osório. “Ao invés de fazer um apanhado burocrático sobre como funciona o projeto ou selecionar os melhores alunos para uma apresentação, trouxe os alunos que teriam aula neste dia mesmo, uma aula de verdade, como uma mini master class”, explica Augusto.

O projeto iniciou em 2014 e vai, pelo menos, até março de 2017. Atualmente aprendem a tocar o acordeão diatônico –gaita ponto ou gaita de oito baixos, como é conhecido – 55 alunos divididos em cinco turmas que têm aulas duas vezes por semana; cerca de outros 15 aguardam na lista de espera para as aulas que somam cinco horas semanais. Conforme explica Augusto, as gaitas são confeccionadas na cidade de Barra do Ribeiro em madeira de eucalipto certificada, o que reduz de forma significativa o custo em relação a uma gaita de fabricação tradicional. Os instrumentos são fornecidos em comodato pelo Instituto, juntamente com o método do projeto (que em Bagé é adaptado à realidade das turmas), e em contrapartida a prefeitura disponibiliza local e profissional para a realização das aulas.

Na visita técnica, os participantes do 33º Seurs puderem interagir com as crianças que estudam para manterem viva a cultura da gaita e conhecer mais sobre o instrumento. Para o estudante de fonoaudiologia Mateus Belmonte Macedo, esta foi a primeira oportunidade de contato com a gaita ponto. Ele, que toca piano, comentou a dificuldade em saber onde está cada nota, e elogiou tanto a atividade quanto a dedicação dos alunos. “Essas crianças são futuros artistas, por que é realmente um instrumento incrível e muito difícil”, avalia.

Para o professor Augusto, receber os participantes do Seminário é mais uma forma de disseminar e revitalizar o instrumento. E enquanto os adultos se encantavam com o instrumento com o qual os estudantes já estão íntimos, o pequeno Mauro Machado, de oito anos, explicava de forma simples a vontade de aprender: “Eu não tocava [nenhum instrumento]. Nos bailes, os gaiteiros tocavam e eu gostava de ver. Minha mãe falou que tinha esse projeto, eu quis vir para tentar aprender alguma coisa e hoje eu aprendi”.

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Fotos: Aline Reinhardt